Na literatura de Clarice Lispector, não há fabulação sem reflexão. Tão importante quanto o que ela inventa é o que ela pensa. E este pensamento é eminentemente plástico: um pensamento da matéria e da forma, da imanência e da metamorfose. Não deve surpreender, portanto, que as artes plásticas desempenhem um papel tão importante nos seus livros. A personagem G. H. e as protagonistas de Água Viva e Um Sopro de Vida são artistas plásticas (a primeira escultora e as duas outras, pintoras), além de Virgínia, de O Lustre, que ‘amava acima de tudo’ criar bonecos de barro. A própria Clarice Lispector se dedicou à pintura na década de 1970.
Nos três encontros deste curso, faremos uma leitura atenta de trechos selecionados do livro A Paixão Segundo G. H. (comparando-os com outros escritos de Clarice), para compreendermos como se constrói e se apresenta na narrativa esse pensamento plástico tão particular da autora.